domingo, 5 de outubro de 2008

O que ficou subentendido.


"No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida."

(Poesias de Álvaro de Campos, ed. cit., pp.282-284.)

...
E que eu perca o medo,
a cada tic tac do meu coração
Batendo contra o tempo, descompassado
Num ritmo bem diferente do teu.
E se eu perder o medo,
Que não perca a poesia da vida
Que me faz acreditar a cada dia
Que só o amor basta pra ser feliz.


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